Os Principais Fundamentos da Tática no Xadrez
Os “táticos” são temidos pelos adversários
No data em que se comemora o Dia Nacional do Livro de Xadrez, Xeque-Mate aborda um dos principais temas do Xadrez contemporâneo amplamente enfatizado na literatura enxadrística: a tática! Sem dúvida, ela constitui importante elemento ao longo da partida. Sua correta aplicação, além de gerar resultado concreto e objetivo, deixa impressão harmoniosa porque todos os componentes participam de uma verdadeira “revolução” em determinado instante da disputa, reverenciada pelos analistas como “notável obra de arte!”.
Quais os fatores integrantes da tática? Como, quando e por que ela existe? Qual sua relação com a estratégia? Como aplicar os elementos táticos e qual a melhor maneira para reconhecê-los? Para todas essas perguntas, acredito passar aos nossos leitores respostas satisfatórias, na certeza de conduzi-los ao correto aprendizado.
O principal objetivo é dar “mate” no adversário.
Esse conceito básico todos têm muito claro em mente. Assim, não é de estranhar que a primeira tendência de qualquer jogador principiante passa por decorar algumas ciladas elementares, com a ajuda das quais (e também com a generosa contribuição do adversário) pode-se dar mate em pouquíssimos lances. No tempo da juventude do Xadrez Moderno (Séculos XVI e XVII), os mestres italianos Paolo Boi e Gioachino Greco e Ruy Lopez (espanhol) eram jogadores impetuosos de ataque, buscavam sempre o caminho mais rápido para atingir o alvo. Os poucos livros de Xadrez que existiam eram cheios, sobretudo, de ciladas de aberturas. Todavia, a respeito do jogo posicional, praticamente nada se sabia. Evidentemente, dar mate ao rei adversário todos sabem, mas o caminho para atingir esse objetivo não é fácil de ser encontrado.
Na época do Xadrez Moderno se procurava ataque direto ao Soberano adversário, indiferente da posição. Essa concepção de jogo foi mantida por séculos a fio, pois as partidas jogadas permitiam combinações com espetaculares sacrifícios de peças. Houve tempo em que, devido à melhoria da técnica de defesa e ao desenvolvimento geral da teoria do Xadrez, os ataques ao rei “de qualquer jeito” começaram a “custar caro” a quem o idealizava.
Na era de Philidor (1726-1795), ficou demonstrada a eficiência de uma defesa correta e, mais tarde, Morphy e Steinitz (que foi o primeiro campeão mundial oficial e oficialmente reconhecido como “pai” da estratégia moderna) provaram que somente através de um jogo combinativo, tendo como foco imediato o ataque ao Rei, não se pode ganhar uma partida de Xadrez contra uma defesa correta. Partindo-se dessa premissa, Steinitz sublinhou que o objetivo final da partida – dar xeque-mate – não pode ser alcançado de uma só vez. Os ataques rápidos no começo do jogo são possíveis somente como consequência de erros do oponente na abertura; mas frente a uma defesa correta, tornam-se ineficientes.
Em decorrência disso, antes de alcançar o mate, as bases necessárias têm que ser alicerçadas para o sucesso da investida contra o monarca inimigo e que só podem ser adquiridas através de planos estratégicos elaborados com apreciação objetiva da posição e com a ideia de acumular pequenas vantagens posicionais a fim de decidir a batalha, seja através de superioridade posicional ou mesmo na criação das condições necessárias ao ataque virtuoso, que constitui a base da estrutura moderna do Xadrez.
Até a próxima!