O Xadrez Conquistando Novos Espaços
Um dos jogos de tabuleiro mais populares do mundo, o Xadrez (grafamos sempre com letra maiúscula) pode, sem dúvida, colaborar para o melhor desenvolvimento do aprendizado de estudantes já a partir dos sete anos de idade.
Trata-se de atividade que estimula a busca por respostas aos problemas do dia a dia, além de desenvolver a capacidade cognitiva das pessoas.
Pedagogicamente, o Xadrez faz parte do currículo escolar básico de dezenas de países. Vários projetos oficiais apontam melhoras significativas sobre alguns aspectos como, por exemplo, memória, imaginação e concentração. E uma importante e consensual conclusão: “o estudo sistemático do Xadrez não somente estimula a inteligência, como os avanços alcançados no campo intelectual tendem a manter-se ao longo do tempo.
Escolas no exterior, como na Alemanha e Estados Unidos, incluem o Xadrez nos currículos de ensino. O Brasil começa a seguir esse bom exemplo. No ano passado, um projeto de xadrez na escola foi o vencedor da sétima edição do Prêmio Professores do Brasil, na categoria temas livres, oferecido pelo Ministério da Educação e que busca premiar e valorizar o trabalho de professores da rede pública.
Ótimos Exemplos não faltam
O projeto Xadrez Como Ferramenta de Inclusão Social foi criado pelo professor de Educação Física da Escola Municipal Jardim das Palmeiras, Cleiton Marino Santa, na cidade de Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso. Em 2012, o professor passou a desenvolver aulas de Xadrez na escola, após o horário normal. “Voluntariamente, passei a ensinar o jogo às crianças. A escola fica em um bairro carente, onde os alunos não têm muito que fazer. A aceitação foi surpreendente e minhas aulas lotaram. Todos queriam aprender a jogar”, conta.
Com o sucesso das aulas, o jovem Cleiton começou a pensar em ampliar o projeto, que já foi até apresentado por ele em um congresso fora do País. Após passar por um processo de seleção entre 250 projetos que englobou todo o território nacional, pela Fundação André Maggi, o Xadrez Como Ferramenta de Inclusão Social venceu e recebeu recursos financeiros para ser ampliado.
Uma sala de aula especial para o ensino do jogo foi especialmente adaptada, com lousa digital, computadores e tablets, além dos clássicos tabuleiros de mesa. “A tecnologia é o principal da sala, pois o mundo digital atrai mais os estudantes hoje em dia. A lousa chama mais atenção e também agiliza a aula. Os alunos podem treinar nos dispositivos eletrônicos para depois jogar uns contra os outros nos tabuleiros”, destaca Cleiton.
Alunos se tornam monitores
O jogo na escola Jardim das Palmeiras é utilizado como ferramenta para disseminar o conhecimento, além de estimular outras habilidades como o raciocínio lógico, a concentração, a socialização e a responsabilidade. Os participantes são divididos em dois grupos: alunos monitores e participantes. “Como não tínhamos muitos professores disponíveis, a solução foi capacitar os próprios alunos para ensinar aos colegas iniciantes, reproduzindo assim o conhecimento. “O Xadrez mudou a minha vida. E meu objetivo, além de melhorar o desempenho escolar, era que os alunos se tornassem multiplicadores do conhecimento. O que se aprende no tabuleiro, se usa para a vida”, ressalta Cleiton. Atualmente, os monitores ensinam inclusive nas outras cinco escolas municipais da cidade.
O projeto deu tão certo que o jogo foi incluído no currículo da escola e todos os alunos terão uma aula semanal para aprender a jogar, além das aulas complementares. O professor explica que tenta utilizar o Xadrez das mais diversas formas para atrair cada vez mais alunos.
Atividades como oficinas, palestras com jogadores profissionais, jogos nas praças da cidade e torneios são desenvolvidas. Um exemplo é o Xadrez Gigante, onde os alunos jogam em cima de um grande tabuleiro disposto no chão. “O jovem quer novidade. Se tivéssemos mantido apenas o tabuleiro tradicional, o projeto não teria crescido tanto. Atualmente, atendemos cerca de 800 alunos. Os estudantes também irão produzir um curta-metragem relacionado ao Xadrez”.
Ainda de acordo com o professor, o ensino do Xadrez melhorou o desempenho em sala de aula, não só nas disciplinas exatas, mas em matérias da área de humanas, além de desenvolver a socialização. Em uma análise feita com 17 monitores, ficou constatado crescimento das notas de 4,3% do primeiro para o terceiro bimestre do ano letivo. Também foi verificado que, em comparação com alunos que não jogam Xadrez, 93,3% das médias dos alunos adeptos ao esporte são maiores.